Tendências
Mercado: Mesmo com a retração, mercado de motos se sofistica.
Postado em: 4 agosto, 2015
Apesar do mau momento mercadológico, com as vendas em queda livre (cenário que só parece ter chance de melhorar a longo prazo), o mercado brasileiro de motos ainda é visto de forma muito relevante.
Com o desembargo das importações, no início dos anos 1970, as japonesas Honda e Yamaha – respectivamente a líder mundial na fabricação de motocicletas e a segunda colocada – decidiram fabricar seus produtos no Brasil. A idéia era produzir modelos especialmente dedicados as duras condições locais, com ênfase em robustez, economia e simplicidade na construção. Depois de muitas dificuldades e incertezas, a indústria motociclística brasileira engrenou e nos seus melhores anos, o mais recente deles 2011, alcançou uma cifra de produção acima dos dois milhões de unidades.
Por mais que o número não seja comparável aos dos maiores mercados mundiais para o segmento, como Índia, China, malásia e indonésia, é interessante notar que a qualificação dos produtos vendidos difere, entre esses países e o Brasil.
Em todos esses países mencionados (incluindo o Brasil), onde a motocicleta tem um caráter puramente utilitário, os produtos líderes em vendas são Scooters, ciclomotores e motos de baixa cilindrada. Aqui, a queda nas vendas das utilitárias de baixa cilindrada, determinada pelo aperto na economia e pela torneira fechada do crédito bancário, está sendo relativamente compensada pelo ânimo nos patamares mais altos do mercado, com as motos acima de 500cc, segmento que praticamente inexiste nos outros países emergentes.
Brasileiros que compram motocicletas para lazer são clientes considerados cada vez mais importantes e, por conta disso, lançamentos recentes têm atendido a esta promissora classe de clientes. Produtos que ofereçam status e funcionem como objetos do desejo e prazer estão sofrendo menos os efeitos da crise econômica e neste segmento é que pode estar o alento da indústria motociclística brasileira nestes próximos anos.
Nas enormes fábricas indianas, chinesas ou tailandesas, os motores acima de 300cm³ são praticamente inexistentes, ao passo em que aqui no Brasil, o parque industrial instalado na capital do Amazonas – Manaus – tem produzido modelos com muita tecnologia embarcada (além dos grandes motores) que ocupam um patamar de preço elevado e grande índice de desejo. São aquelas motos que nos fazem sonhar por conta do design caprichado e performance para lá de especial, e que servem como isca, mantendo o veículo como um verdadeiro objeto de cobiça.
Esta situação, na qual o brasileiro é um cliente de características mais europeias do que asiáticas, é comprovada pela presença de linhas de montagem das marcas que atendem especificamente a faixa alta do mercado: BMW, Ducati, Harley-Davidson e Triumph montam modelos em Manaus, cientes de que o caminho para serem competitivas é o de driblar as altas taxas que gravam sobre produtos importados, nacionalizando alguns componentes e operações, dando emprego a muitos brasileiros e fazendo felizes outros tantos, que podem comprar aqui a preços possíveis o que se encontra nas principais lojas de motos do chamado 1º mundo.
Estaremos longe de números recorde de vendas nos próximos semestres – ou anos como cogitam os mais pessimistas. Todavia, a paixão do brasileiro pela motocicleta e o grande esforço feito pelo setor, equipando-se de estruturas caprichadas tanto no aspecto da fabricação, montagem como no da distribuição não poderá permitir que a indústria de motocicletas brasileira perca sua relevante posição como fonte de emprego, bem-estar e de genuína parceira, tanto dos que querem apenas ir do ponto A ao B de maneira rápida e econômica como daqueles que escolheram o guidão como o melhor modo de aliviar o estresse.
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Semana que vem tem mais…
Mag-Abraços e até a próxima!
Fonte: G1
Fotos: Luciano Sampafotos / Divulgação / Sérgio Rodrigues G1-AM